sábado, junho 13, 2009

Quando se pergunta sobre a média de leitura aos brasileiros “comuns” a grande maioria responde:
- Brasileiro não lê porque o livro é muito caro!

Bobagem. Eu concordo que o livro realmente está acima da média comparado ao salário mínimo, sendo que um romance custa por volta de R$ 40,00 e o salário mínimo é R$ 465,00, o preço de um livro chega a quase 10% do valor bruto. Mas ainda me questiono, o livro é muito caro, ou o salário é muito baixo?
De qualquer forma existem outros recursos para que se possa ler sem pagar nada.

Para quem tem acesso à Internet (e vista e paciência para ler no PC), existem diversos sites onde se pode ler arquivos em formato Pdf. O Google não me deixa mentir. Tem esse site então,
http://www.acervohq.quadrinho.com/capa/, é especializado em QH’s para quem curte, tem opção de download e leitura on-line. Um barato!

Para os clássicos – que gostam de sentir os livros nas mãos, existem as maravilhosas bibliotecas. Sim. Por que brasileiro não lê por que não gosta, e não quer assumir, exceto por alguns que admitem não gostar mesmo. Nas bibliotecas municipais nem multas são cobradas. Alias, se o leitor for pontual nem mesmo se tivessem multas... é entregar na data, e pronto, o caboclo lê e entrega sem custo algum.

Em Ribeirão Preto existem três bibliotecas, onde de duas delas você pode levar o livro consigo. Uma é mantida pela Fundação Sinhá Junqueira, a biblioteca Altino Arantes e fica no centro da cidade, próxima ao Theatro Pedro II, na rua Duque de Caxias, o ponto alto dela é o acesso fácil. A outra, é a biblioteca Municipal Guilherme de Almeida, que fica dentro da Secretaria da Cultura, no Morro do São Bento. O ponto forte é o acervo com mais de 15 mil títulos e o atendimento diferenciado e não cobra nadica!

Pelo Brasil, existem milhares e milhares de bibliotecas. Em Paiaiá, na Bahia, existe, por exemplo, a maior biblioteca rural do MUNDO. Isso, do mundo. E olha que eu não sei se acredito na expressão ‘que mundo pequeno’. Lá eles têm mais de 50 mil volumes e mil DVD’s. É pouco? No Rio está concentrada a biblioteca nacional, e é uma das dez maiores bibliotecas do MUNDO (olha o mundo de novo) segundo a UNESCO.

Tirando o fato de que existem, além disso, os sebos. Onde os livros são vendidos até por R$ 1,00 dependendo do título. Uma vez minha mãe comprou A Moreninha, do Joaquim Manoel de Macedo por R$ 1,00. Tudo depende. Por que quem quer fazer alguma coisa de fato faz, dá um jeito.

Agora esse papinho de que o livro é caro? Ah... desculpem-me, mas esse papo eu não engulo nem mastigo. Brasileiro curte mesmo é folga, e não gosta de ler. Gosta de gastar grana com roupa, com birita, com cigarro, com qualquer coisa. Para depois falar que livro é caro.

Real Gabinete Português - Biblioteca Nacional Brasileira (Rio de Janeiro)

4 comentários:

Gil LUIZ MENDES disse...

Livros realmente são muito caros. O problema é a falta de costume com a leitura. Muitos pais não estimulam os filhos a ler, até porque eles mesmos não leem. Arrumei uma boa forma de incentivar os outros a ler. Sempre dou livros de presente, seja aniversários ou algum outro tipo de ocasião, presenteio amigos e familiares com livros, alguns até que pertenciam a minha biblioteca particular. Algo que sempre aumenta o nível de leitura é a boa e velha prática do escambo.

Anandha Correia disse...

sim, essa é uma técnica que eu tb uso, dou muitos livros... até mesmo sem datas comemorativas... acho que o fato de eu trabalhar numa biblioteca também ajuda!
ganho muitos livros e dôo muito livros...
bacana!!

curvo disse...

ha quase sempre muito o que dizer nas pessoas que insistem em pensar, talvez seja um acumulo em reação à tendencia de idiotização que existe. Essa idiotização é um processo real e estudado por diversas pessoas - gosto de Theodor Adorno quando fala de semiformação.
A palavra, essa beleza humana, é uma das mais elaboradas formas de abstração simbólica, e como tal exige do sujeito um esforço relativamente grande. Digo isso pra situar mais um ambito importante, e que não pode ser esquecido para entender-mos o desinteresse pela leitura - que eu não situaria, ou pelo menos, não daria enfase na particularidade brasileira, ja abrindo, nisso, o entendimento do sentido da palavra 'leitura' para o de 'interpretação da realidade' (extrapolei o limite da leitura de livros. facil entender quando situamos o livro não como um fim em si, mas um meio para o desenvolvimento humano).
bom, o angulo/ambito que eu acrescentaria é o fato de estarmos cada vez mais adentrando na chamada era da imagem, vide icones do windows (lembra quando era o sistema DOS), ou na 'sociedade do espetaculo'. O processo de decodificação da imagem, no cerebro humano, é muito mais rapido, facil, direto. exige menos esforço do sujeito. Juntando isso ao fato da cultura estar cada vez mais reificada, sob a logica da mercadoria e não do desenvovimento humano, começamos a chegar perto de um ponto importante do problema da falta de leitura.
claro que o preço do livro é sintoma importante, mas não é o ponto nodal da questão, é superficie.
Ha um bom tempo o problema não é mais a impossibilidade do acesso ao livro, mas sim a formação do sujeito. Pq alguem gastaria tempo com livros? chego a encontrar, não poucas vezes, pessoas que leem só para serem 'cult' (isso é emblematico: a leitura submetida à imagem ja na propria intenção de ler)
Por isso não se deve mesmo engulir esse papinho de livro caro enquanto desculpa. mas se deve, sim!, mastigar esse papinho até poder cuspir o sumo. a leitura, em seu sentido ampliado, nos permite abrir as aparencias, as superficies...

True Reference disse...

A procura gera a oferta. É comum em vários países edições baratas, impressas em papéis mais simples, para que todos tenham acesso ao livro. E não é nenhuma política de Estado, nenhum "bolsa leitura". Trata-se apenas da necessidade de vender livros para um público consumidor específico. O hábito faz o monge. :)

Gostei do blog, parabéns.