sexta-feira, fevereiro 19, 2010

PARADOXO DO TEMPO

Tem quem pense ontem. Não almeja maravilhas e nem sofre por antecipação. Fica estagnado de passado, vivendo de lembranças mortas, paradoxalmente vivas na memória. Sobrevive de filmes clássicos, roupas com naftalina e bolachas Maria. Não acerta mais o relógio e pulsa lento em direção contrária. Pouco nítido e antiquado. Mas vive assim, de ontens e carnavais pulados.
Tem quem pense agora. Não revive momentos felizes ou aprende com os erros. É frio e calcula o próximo passo pensando que, amanhã já é, paradoxalmente, agora. Sobrevive do segundo, do impulso e da rotina. Café amargo também. Relógio consultado toda hora. Mas, porém, contudo, todavia... Doravante! Assiste pessoalmente. Encaixa-se aqui entre o período de maior ou menor duração, compreendido entre o passado e o futuro; o tempo atual. Vive assim numa cisterna de memórias perdidas.
Tem quem pense amanhã. Supõe que agora não importa e ignora o passado. Pense à frente dos pensamentos lapsos. Sofre, paradoxalmente, por antecipação – porque sofre agora o que virá amanhã. No tempo que há de ir encontra seu porto seguro. Sobrevive de planos, quitações e férias da empresa. Unhas também contam. O relógio está adiantado para não perder a hora. A hora que virá - insônia. Traçou a carreira pra vida toda e está comprometido em cumpri-la.
Balancear o tempo e viver com suavidade. A máxima de que a felicidade é uma boa saúde e memória fraca, deturpa. É sim, preciso lembrar. Não de tudo, mas daquilo que só quem viveu considera importante. O resto, é saber aproveitar a chance agora, para que amanhã se tenha uma boa saúde.

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Se pensar, não case

Ontem o garçom amigo me disse assim: “Você tá muito pensativa hoje! Quem pensa muito não casa, hein”. E eu fiquei filosofado sobre isso. É verdade... Quem pensa muito não casa mesmo. Por que pensa. Logo, não cai nessa armadilha institucional falida.

Já parou pra pensar profundamente em casamento? Primeiro você tem que encontrar alguém corajoso pra casar também. Essa pessoa tem que ser no mínimo aparentemente agradável, sincera, inteligente pelamordedeus, estável, companheira e leal. Parou pra pensar? Difícil...

Depois, você deve namorar. Brigar. Namorar. Terminar. Separar. Namorar separar. Namorar. Noivar. Durante o noivado, vêm os planos para o casamento. É hora de colocar a mão na massa! Ou melhor, enfiar a mão no bolso...

Você orça: a festa. Para cerca de 150 pessoas, com salão, decoração, música, bolo, buffet, docinhos, lembrancinhas, e reposições daquele seu tio bêbado que quebrou 8 taças durante a festa, R$12.000,00. E ainda é uma festa comportada, perto daquelas violentas da época de solteiro. Nossa me esqueci do vestido da noiva! Ferrou-se!

A lua-de-mel! Hipoteticamente, vamos de clichê: Porto Galinhas. Quatro mil reais, só o pacote turístico. Gastos com derivados de álcool, afinal, você acorda casado, passeios, comidas, lembranças da cidade, mais uns R$4.000,00. Total de lua-de-mel: cerca R$16.000,00. Isso pro clichê. Apenas para mostrar para a sociedade que você está casado, e se preparar para o que vem por aí, o casal desembolsou mais de R$20.000,00. Parou pra pensar? Melhor não né? Senão desiste...

Ok. Casou mesmo, bebeu horrores entre festa e lua-de-mel. Enfim sós, diria o marido. Vamos para casa. Casa? Claro! Quem casa quer casa. A vida começa...

Para a mulher: se é profissional bem sucedida esqueça! Vai ser média sucedida. A não ser que tenha uma maravilhosa assistente do lar, prepare-se para lavar, passar, cozinhar, ouvir roncos, agüentar toalha molhada no chão, cuecas que andam pela casa, tubos de pasta de dente apertados no meio, tampa da privada levantada, jogo de futebol (pior é quando o marido torce pra oposição!), peidos, arrotos e outras ogrisses.

Para o homem: cerveja com os amigos depois das oito e meia? Esqueça! Vai ter um ser humano bombando o celular com ligações: ONDE VOCÊ ESTÁ? ONDE VOCÊ ESTÁ? Suas cuecas vão começar a andar até a máquina de lavar, as toalhas vão aparecer secas, novelas, TPM, críticas, fofocas e outras viadices vão surgir.

Parou pra pensar? É osso!

Na sequencia, vêm os FILHOS. Madrugadas acordadas, mensalidade da escolinha, pré-adolescência, adolescência, drogas, musica eletrônica, virgindade, dor de cabeça. Parou pra pensar? Haja aspirina então.

Depois de tudo isso, seus filhos se formam e te abandonam, e os que não abandonam te sugam até a alma. Mas você garante sua velhice ao lado de quem viveu tudo isso. Você se sente confortável por não estar sozinho.

Mas se tivesse parado pra pensar, poderia também estar curtindo o fim da vida na Suíça, investindo em um barzinho na Alemanha. Explorando a Amazônia, ou sendo aventureiro, boêmio ou eremita. Poderia ter escrito um livro. Mas não teve tempo. Poderia ter feito tantas coisas. Mas isso só, se tivesse parado pra pensar antes de casar.

E divórcio então? Esse sim é melhor nem pensar. Advogados, sogras, e mais um monte de buchos.

É verdade garçom amigo, casar e pensar, não combinam muito.

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Sobre o saco cheio

É segunda-feira e você acorda pra ir trabalhar. Toma seu café, lê o jornal, pega o carro e segue para a vida árdua e atribulada de, por exemplo, assessor de imprensa.

Quando você chega, você dá bom dia para moça da limpeza, que também está trabalhando duro, assim como você.

Enquanto a moça limpa a sala, toma-se mais café. Quando voltas à mesa, percebe que segunda feira seu lixo está vazio, pois ela, numa atitude proletária, trocou o saco.

E vais trabalhando, na segunda-feira braba, porém descansada. Amassando o que não serve mais, jogando fora papéis de chocolate (confesso que houve uma semana, em que o lixo só tinha papel de chocolate. Provavelmente, era minha semana de TPM), canetas vazias, mexedores de café, etc.

Bem, é quarta-feira. Parece que sua semana já teve dez dias. Pressão, pressão, pressão: do chefe, do cliente, da família, dos credores. Tudo isso nas oito horas sentadas na sala da empresa. Papéis vão pro lixo. E informações, muitas informações vão para a sua cabeça.

Chega sexta-feira. Quando chega à sala (rosnando, é claro, e com os olhos inchados), você liga o computador e não enxerga só uma máquina. Vê duas. Percebe que começa visualizar miragens e ter vertigens.
Vai ao banheiro e percebe que nesse fim da semana, o lixo está cheio. Volta à sala. O lixo do escritório também esta cheio. Todos os lixos estão de saco cheio de tanta coisa jogada nele durante a semana.

Você descobre então, o sentido coorporativo da expressão saco cheio, pois, se o lixo está cheio de coisas imprestáveis, imagine você que agüentou a semana toda a pressão, informações, comunicações, desentendimentos e etc.
É... tudo isso deixa qualquer um de saco cheio.

Ainda, temos nesse post de utilidade impressionante, o sentido breve, porém literato da expressão. Que o homem necessitado de uma cópula, acumula o líquido esperma em seu saco escrotal, torturando-o e propiciando as mesmas vertigens acima, contudo por outro motivo. Dessa forma o homem fica com o saco cheio, pronto a “explodir” a qualquer momento. Digamos que essa pode ser considerada a TPM masculina.