segunda-feira, setembro 21, 2009

Capacitar ou não: eis a questão

Por um lado, falar de desemprego para quem trabalha é uma questão de números e estatísticas. Por outro lado, falar desse mesmo assunto para quem está desempregado é uma realidade complicada.
Pensando em contribuir com o desenvolvimento socioeconômico do Brasil, e descomplicar a vida das pessoas, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) iniciou na década de 80, nas capitais metropolitanas, uma pesquisa cujo objetivo é “produzir indicadores mensais sobre a força de trabalho” no Brasil. O Instituto deixa claro que, “o objetivo [é] de avaliar a evolução do mercado de trabalho, apoiando-se em informações sobre emprego e desemprego nas seis Regiões Metropolitanas do País”.
No entanto, essa é uma pesquisa de campo muito mais intensa e vívida para aqueles que tem seus parentes, amigos, vizinhos e conhecidos nessa situação cada vez mais em ascendência no país.
A doméstica ribeirão-pretana Tereza Lopes da Silva acompanha raramente as estatísticas do desemprego no Brasil, no noticiário da televisão que antecede sua novela preferida. Mas sabe que seu marido Paulo e seus dois filhos estão desempregados. Sabe também que sua renda mensal de R$ 540,00, sustenta a família enquanto o marido e filhos vão à procura de renda.
Vivendo a realidade do desemprego, Silva declara que “o último serviço que Paulo arranjou foi de pedreiro, mas quando acabou a obra, acabou o trabalho, e então há um ano que tanto ele quanto os meninos não conseguem arrumar nada”.
Segundo dado do IBGE, durante o mês de julho desse ano nas metrópoles pesquisadas, foi registrado o número de 885 mil pessoas desocupadas.
Hoje, para evitar a desocupação, muitas pessoas recorrem à graduação ou à especialização. Mas não se iludem, achando que concluindo o curso estarão empregadas. Marcela Quinquiliano, recém formada em administração de empresas na cidade de Limeira afirma que começou a faculdade com 32 anos, mas sabia que seu futuro não era garantido. Hoje com 36 reside na casa dos pais e está a procura de emprego.

Crítica

O desemprego no Brasil pode ser analisado através de vários panoramas. A formação universitária entra em contradição com a falta de qualificação exigida pelo mercado de trabalho. Num prisma temos o profissional que não pode exercer tal função porque é qualificado demais, e em outro prisma temos o candidato que não concluiu o nível exigido pelo empregador. A constante mudança nas leis de exigência do diploma universitário é um novo fator de análise nesse debate. Se em algumas profissões a exigência do diploma foi retirada ou não é exigida, caso do jornalismo e da propaganda, para a profissão de analista de sistemas tramita a lei para obrigatoriedade do diploma. Quem busca emprego hoje, não sabe o que é melhor: ter ou não ter diploma, eis a questão.
A população “comum” não se prende em estatísticas. Concentra-se na realidade. Busca opções para combater o desemprego criando autonomias e contribuindo para o crescimento do mercado onde o patrão é ela mesma.
Nota-se também os tempos de crise, onde a admissão é substituída pela demissão. E a disputa pela vaga fica cada vez mais acirrada.
Sim, o desemprego no Brasil é uma situação factual, e procurar soluções a curto ou médio prazo é querer ser utópico. A realidade só pode mudar a partir do momento em que as questões econômicas, políticas, sociológicas e culturais do país sejam colocadas nos eixos. Quando, a política institucional da pátria Brasil cumprir seu papel verdadeiro com os brasileiros, e como mencionou Max Weber, ir além da transformação do mundo objetivo, transformando a consciência das pessoas, aí sim, teremos solução não só para o desemprego, mas para vários outros problemas que pertencem a este efeito dominó.
Enquanto isso a população, conhecida por seu jeitinho, vai encontrando biscates para enganar o estômago e saciar a fome.

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