segunda-feira, agosto 17, 2009

Velhos Costumes

Bem, hoje saí com meu pai para resolver pendências minhas, dele e nossas. Então, em uma manhã de um céu azul esplendorosamente vivo, fomos os dois, na Fusca Cremilda, até o centro da cidade onde (quase) tudo se faz, e (quase) tudo se resolve.
Primeiramente estacionamos em um estacionamento comercial, desses que se paga por hora, por diária etc. Logo após, um dos seus compromissos fora cancelado, o que significava que a primeira parte da manhã seria minha. Uma ida ao banco para retirar uma graninha; e um café na primeira cafeteria da cidade, A Única.
Café tomado mente um pouco mais ligada, seguimos rumo a copiadora, e deixamos o que será retirado na quarta, já encadernado na capa dura. Na volta ao carro, uma rápida passada em uma banca de jornal, onde nessa rapidez, ele leva os dois primeiros volumes da Coleção de Museus do jornal, e eu, a revista Vida Simples do mês de setembro (veja só, de setembro!) que eu estava super afim de ler pois a matéria de capa é "não leve as coisas com a barriga".
Saimos da banca e logo ao sair faço o seguinte comentário, que embora possa parecer piegas, faz total sentido, e deve ter total reflexão para mim:
- Pai, você é uma inspiração pra minha vida sabia?
E ele responde:
- Hahaha, eu? Porque?

Eis que respondo dissertando.
Desde o começo do trajeto estacionamento-cafeteria-copiadora-banca, em todos os lugares, o tratamento cliente/serviço é extremamente amistoso e inter-pessoal.

Na cafeteria, cumprimenta o dono, que já não é apenas o "dono d'A Única", é seu amigo, Fulano de Tal, e conversa vai. O relógio de parede foi presenteado por ele (meu pai) e sua esposa. A atendente, que serve café no bule imenso, pergunta sorridente, "olá meu amigo, há quanto tempo? por que sumiu?", e conversa vem...
Na copiadora, decide pagar na hora, mas após cumprimentar todo mundo, pelo nome, boa memória é um fator importante nessas horas - lhe dão a opção de "marcar". Mas não, quem vai buscar sou eu... e eu não posso marcar!
Na banca, a moça já logo o vê e pergunta de cara se ele vai querer a coleção nova dos museus, como velhos conhecidos...

Essa relação que ele tem, me retomou a questão dos velhos costumes, de comprar pãozinho na mesma padaria por um bom tempo, e conhecer o dono, conversar com as atendentes, criar um círculo social entrosado, hábito perdido com a falta de tempo e com a modernidade.
As pessoas que atuam no comércio hoje, mal olham na sua cara, mas também, o cliente em si, mal quer ser visto ou olhado. Ninguém tem tempo, e além disso, as pessoas tem tantas opções, tantas "conveniencias" espalhadas por aí, que os lugares com caracteríticas de armazém perderam espaço. Não existe mais afeição entre as pessoas. O que as tornam pessoas destindas ao consumo pelo consumo, pela "necessidade" de sobreviver consumindo e pronto. A questão de construir amizades foras do seu próprio círculo social está falida.

E é por isso que eu disse ao mei pai que ele era uma inspiração pra mim, sendo que eu mesma, apesar de ter meus conhecidos no mercadinho, da padaria, da pizzaria do meu bairro, ainda estou longe de ter essa teia de "amizades comerciárias". Mas pretendo seguir seus passos mesmo sendo um tipo de inter-pessoalidade em declínio, pois penso que a vida baseada nos velhos costumes, pode ser mais saudável para a alma!

Um comentário:

Luísa Druzian disse...

Olá Anandha, concordo em gênero, número e grau com esse texto.Sou cabeleireira e trabalho na Embelleze da Alvares Cabral, meio quarteirão da Única. Dou aulas lá e lido com todos os tipos de pessoas, pois é uma empresa aberta ao público. E realmente o q faz a diferença em minha vida profissional são as amizades q faço dia a dia, com o garapeiro, o caixa da padaria, o dono do sacolão do 1 real, etc...
E viva o network!