quinta-feira, julho 30, 2009

Impasse

E então ela chegou em casa. Tentou não fazer barulho naquele vazio imensurável. Notou as notas frias de uma música imaginária e, tentando se dotar de alguma frieza incalculável, não conseguiu e parou pra pensar.
Talvez realmente estivesse tudo errado. Notava o comportamento de seu velho parceiro não mais como algo divertido. Mas preucupante.
Com um sentimento revés, tentou alegrar-se, mas se questionou sobre o valor da diversão. Acertou suas contas para não ter aversões.
No entanto, voltou para casa com mais dúvidas do que nunca. Pensou nela. Pensou no outro. Pensou "e se". E percebeu que "se" não é verbo.
Um gole guela abaixo. Tudo precisa ser ajustado. Enquanto pensa, pensa, pensa, existe vida cercando o espírito.
E porque as coisas acontecem quando se está estabilizando? Porque o sentimento de responsabilidade a abalou tanto naquele momento?
E ela ficou cheia de perguntas sem respostas. Quando achou que já se saturava de respostas, descobriu que elas são respondidas com mais e mais perguntas.
Mais uma pergunta foi criada: por que o desespero torna tudo tão complicado?
Sua cabeça já não continha apenas cabelos longos. Vivia entre o agora e o futuro.
Para na cama, com lençois azuis rebeldes, cujos elásticos já não existiam mais, e deita com seu vestido, já sem calça afim de relaxar.
Vê o sentido nato das palavras, discorre e abre uma cerveja, enquanto a luz do novo dia clareava seu papel.
Dentro dela havia muita coisa. E sabe, que na emanação da semiótica há cores a serem percebidas. O fato é que ela quer imortalizar um momento que já acabou. (Qual momento não sabe ainda). Quer dividir com o mundo as idéias, mas gerou um compromisso que a fez pensar.

Um comentário:

R. disse...

a maionese está batida no liquidificador junto com o suor e o cigarro.
é a mistura do texto.

mas pode também estár no cabelo dos jovens na rua Antonio Alarcon com suas skatewear