Oficina de Loucurinhas

A galerinha costuma me chamar de louca, mas depois de ler um texto há um tempo, cheguei a conclusão de que eu não sou louca, eu sou doida... posso me justificar! Assim como escreve o autor é genético : eu moro numa casa de doidos, meu pai mora em uma casa de doidos, e eu TAMBÉM namoro um doido. Diferentemente do que todo mundo pensa, somos doidos, não inconsequentes (essa fase se foi junto com a adolescência...), somos tão quanto os meramente normais, e digo mais, nossa criatividade é muito mais definida e apurada do que a deles, que ficam vendo televisão inutilmente e quando assistem algo melhor não conseguem entender nada! Portanto, a doidera, a loucura não é ruim, basta saber aproveita-la com apreço e justa causa. Se você não é um doido, ou não consegue entender essa "espécie" pare de ler e vá ver o programa do Gugu. Se você é o contrário disso, leia o texto muito bom do Mário Prata, e depois reflita: o que é ser normal PRA VOCÊ? Entupir-se de chcolate a noite? Encher o saco da filha(o), namorada(o) só por que não se tem vida própria? É descontar a raiva da vida em cima de uma pessoa que nada tem a ver com seus problemas? REFLITAM. DOIDOS E DOIDAS Meu filho Antonio ou minha filha Maria, um dos dois, ou os dois juntos, me disse que sempre que me perguntam por que eu terminei com uma namorada eu respondo: doida! E eles têm razão. Só namoro doidas. E não é de hoje. Fui casado duas vezes e agora, olhando de longe e muito mais amigo das duas, posso dizer que também eram e continuam cada vez mais doidas. Tanto é que com elas também não deu certo. E hoje, comecei a pensar em outras mulheres. Tenho duas irmãs. As duas são doidas. Cada uma à sua maneira. Mas doidas. Minha mãe, nem se fala. Fui chegando à conclusão de que eu só me relaciono com mulheres doidas. Resolvi expandir meu doido raciocínio e comecei a pensar nos meus melhores amigos homens (ou mesmo bi ou ainda os heteros) e percebi que são todos igualmente doidos. Sérgio, Reinaldo, Mateus, Dênio, Tenório, Jair (os dois últimos, psicanalistas) são doidos. Terrivelmente doidos. Eu sou doido e gosto de doidas e doidos. Só não consigo ficar muito tempo com um doido ou uma doida porque, isso sim, seria uma loucura. E não somos loucos. Somos doidos. Uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra. Aqui na Ilha já descobri doidos e doidas maravilhosos, em bares igualmente doidos, como os que eu freqüento em São Paulo. Meus filhos Antonio e a Maria, e o Pedro também, são incrivelmente doidos. Meus vizinhos aqui na Ilha (Juan e Rose) e os de São Paulo (Giancarlo e Ana Paula), tudo doido. Mesmo porque um é argentino e o outro italiano. E como você sabe, todo argentino e todo italiano é doido. Alguns, varridos. As meninas que me mandam e-mail, as fãs, aquelas de carteirinha, todas doidas. Cada dia aparece uma mais doida que a outra. Escrevem estranhas doidices. Concluindo, meus filhos, começo a perceber que eu tenho de parar de procurar as mulheres normais, as mulheres caretas. Quer dizer que todo o meu universo é de gente doida? Sim. E, então, quem não é doido para você? O Maluf não é doido. O ACM, o Jader Barbalho. Os políticos em geral, minha filha, não são doidos. E você quer cara mais normal, mais careta, menos doido do que o Serra? E talvez seja aí que resida o nosso mal. Esse pessoal aí do Lula está me parecendo meio doido. Pode dar certo. Vamos aguardar. Se esta crônica passar pela copy (a doida Glorinha), pelo editor do Caderno 2, pelo diretor de redação do jornal e pelo dono, significa que todos eles - ainda bem - também são doidos. E antes que alguém diga que eu estou ficando normal, recorro ao velho Houaiss. Veja como ele nos define, os loucos e as minhas adoráveis loucas: Doido: adjetivo Uso: informal. - cheio de contentamento; muito feliz; encantado Exemplo: ficou doido com o nascimento do filho - que manifesta paixão, entusiasmo exagerados por Exemplo: doido por futebol - que não é comum, que é extravagante; exagerado Exemplo: na festa, usou uma roupa doida. Viu? Seja doido você também! Façamos um país cheio de contentamento, feliz, encantado, com paixão, entusiasmado, incomum, extravagante, exageradamente doido e feliz.